o branco do olho. o negro da pele. o amarelo dos dentes. a sujeira dos outros empreguina-se, nele. a limpeza dele sujando a rua. o guarda, o cacetete, a correria. mais uma vez encontrar outro lugar pra dormir. viaduto? praça? de baixo de cavalete? canivete caiu. polícia mal olhou e já viu: ele + moça vindo + canivete no chão = pega ladrão! é bandido, é maldito, é morto-vivo! viva!, ganhou um prato de comida e um sorriso em um dos dias. uma vida não, nem joga na loteria. sorte só da má. pouco se movia. preso pelo calcanhar cascudo, escuro, sem sensibilidade (o Estado). o estado de necessidade, um pão do supermercado, supérfulo. mas tem que trabalhar pra isso! não trabalha, batalha comendo caroço e roendo osso, viu seu moço?! falta rosto e sobra desgosto. até gostaria do sol, se nascesse para ele. escureceu. papelão, trapos, cacos, pedaços. fecha os olhos. castanhos. o cinza do chão. o invisível da situação o cobre. ninguém vê. ele dorme.
Jéssica do céu. Estou anestesiada com esse seu texto! é de uma riqueza tão sem igual, de uma delicadeza e ao mesmo tempo de uma brutalidade de ter que prender o fôlego!
ResponderExcluircomo é triste a vida destes que vagam pela vida com os pés no chão e a cabeça sem conforto!
lindo lindo e triste.
beijoca
Oi Jéssica,
ResponderExcluirMuito interessante teu post. Adorei tua forma de escrever. Parabéns!!!
"falta rosto e sobra desgosto"
Sensacional!
Fui lendo seu texto e criando uma série de imagens na minha cabeça. Sensacional!
ResponderExcluirSegue por aí, parece ser um bom caminho pra ti. Muita imagem, muito som, muito bom. Parabéns mesmo.
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