Ela olhava de cima do terraço do mais alto prédio que conseguiu achar, e de lá percebeu o quão pequeno é o ser humano. Que humilhante, subir tão alto pra ver a enorme pequenez do seu próprio ser. A partir desse momento ela sentiu todos aqueles sentimentos de revolta que sentimos quando percebemos que não fazemos a menor diferença diante da imensidão do mundo, queria se fazer ser notada, ser vista e não somente olhada.
Mas chovia...
e a chuva cegava tudo aos olhos alheios. Parecia que só os dela enxergavam mais nitidamente em dias assim. Dias frios e chuvosos, nos quais ela conseguia ver a própria alma refletida nas gotas cristalinas à cair. Quem sabe em outra vida tenha sido chuva [ou então tormenta, tempestade.] Ela começou a abrir os braços o máximo que podia, e mais uma vez percebeu que não era nada, que limitação somos nós. Lembrou das pessoas que conheceu, da família com a qual viveu, das garotas e garotos que namorou, e pensou se faria diferença ou se teria acrescentado algo na vida de algum deles. Pois ela sabia que eles estavam ali junto dela, todos eles ,formando cada pedacinho do seu ser. Como ela costumava dizer: 'minha alma é um retalho de pessoas'.
E ela queria sentir o mundo, foi para a beirada do telhado... ali não havia nada prendendo-a, nenhuma rede de proteção ou barras. Quem sabe sentiria se se jogasse? Se desafiasse as leis da gravidade?
Ela respirou aquele ar frio e gélido, sentindo as gotas molharem seu rosto tão insignificante (ela pensou), tão sozinha (ela se viu.)
Esticou a perna, deu uma rodopiada de bailarina [movimento que trazia da infância, das inúmeras aulas de ballet que havia tido]
Mas deu meia volta e se sentou...
Sabia que era pequena, mas ali, depois de sentir aquele turbilhão de sentimentos...
Ela se sentiu maior, mais forte, mais rígida, mais verdadeira que o próprio concreto no qual se enconstava.
" they build buildings oh they build buildings oh
they build buildings so tall these days ."
"A partir desse momento ela sentiu todos aqueles sentimentos de revolta que sentimos quando percebemos que não fazemos a menor diferença diante da imensidão do mundo"
ResponderExcluirPerfeito. Quanto as palavras repetidas que você falou no meu blog, tenho um trecho perfeito que lembrei na hora : "Sei que às vezes uso Palavras repetidas..
Mas quais são as palavras que nunca são ditas?"
[Renato Russo] beijão :*
Tem vezes que a coragem nos pega de surpresa.
ResponderExcluirA força independe do tamanho da pessoa, mas na vontade de mudar, de crescer e não aceitar olhar um chão tão pequeno.
Ainda bem que ela se sentou...
E o mundo pareceu pequeno diante dela. E é assim que todo mundo deveria ver. Ou crer!
Abraços.
=*
Meu Deus, que lindo, que texto lindo!
ResponderExcluirA gente sempre se surpreende com a vida e conosco, isso nunca vai mudar..
'Nem sempre a fraqueza que se sente quer dizer que a gente não é forte'
beeeijos
Oi Jéssica. Achei seu blog no seu perfil do orkut, quando estava lendo tópicos da comunidade da Clarice Lispector. Se parece muito com o meu e com meu jeito de ser.
ResponderExcluirJá estou seguindo o blog. Adorei, até o nome é parecido.
Bjos e até logo!
Algo concreto
ResponderExcluirO rodopio
O desvario
Pois só é certo
O incerto
Então acenda o pavio
Deslize pelo teto
E devore
Todo e qualquer vazio...
Oi, Jéssica!
ResponderExcluirTambém acho que nossas almas são retalhos de pessoas, cada uma deixa um pouco de si, e assim vamos nos completando!
Obrigada pela visita... vc escreve muito bem, viu! ;)
Beijos!
que texto bonito de se ler..
ResponderExcluir" e pensou se faria diferença ou se teria acrescentado algo na vida de algum deles. Pois ela sabia que eles estavam ali junto dela, todos eles ,formando cada pedacinho do seu ser. Como ela costumava dizer: 'minha alma é um retalho de pessoas'. "
ResponderExcluir=]
Amei seu texto.
*E existe tanta gente que não enxerga nada disso.
Oi de novo!
ResponderExcluirAhhh, sou namorada do Vinícius sim. Agora ele tá meio sumido do blog pq mudou aqui pra minha cidade e por enquanto ainda está sem internet.
Mas que bom que achei seu blog então, manteremos contato.
Até logo!
Bjao
nossa, até li novamente esse texto de tão lindo que achei!
ResponderExcluirbeijos
me dá o direito de chorar com oque escreveu? :S
ResponderExcluirprimeira vez que isso acontece :~
Estar em contato com a chuva, nos torna mais resistentes a gripes próximas, o mesmo vale pra dificuldades e força.
ResponderExcluirBejo!
;D