"Eu não sou uma sonhadora. Só devaneio para alcançar a realidade!" C.Lispector

domingo, 3 de junho de 2012


João nasceu menino,
se descobriu mulher
e debutou aos 29.
Comia José
que declamava poesia
e amava
Teté, cujo vício era café
e virou cafetina.
Pegava meninas,
as levava pra casa
e criava como filhas -
que encontravam certos pais
enquanto deslizavam no pau
lustroso do capital -
disfarçado de erotismo (liberdade corporal)
era, na verdade,
apenas turismo sexual.

Até que chegou um dia
no qual a casa dançante fechou suas portas;
as moças as pernas;
os homens as carteiras
e o governo suas fábricas -
que produziam mulheres para
se vender ao estrangeiro
- mercadorias  num cargueiro!
E Joana, não mais João,
fechava os olhos de gozo
ao passar seu batom
que guardava desde criança.
Ainda restava um certo gostinho

de esperança.

2 comentários:

"Eu vou me acumulando, me acumulando, me acumulando - até que não caibo em mim e estouro em palavras." - C. Lispector