a criança chupando a bala,
docinha,
como seus sonhos.
o pm soltando a bala,
de borracha,
na cara da manifestante.
na periferia,
o menino que sonha em ser rei
com coroa de ouro,
só recebe chumbo
da bala
estatal -
que fura seu tórax, pulmão,
coração,
e deixa vermelho o colar de prata
de camelô no peito do seu irmão.
mas na televisão só tem lugar
pro sangue da jornalista de noticiário,
do filho de empresário
que levantou cartaz e foi acertado
por um estilhaço de bomba
de gás lacrimogêneo.
chorou
que nem mãe de detento.
esses da bala de borracha,
do sangue de primeira capa,
voltam sempre pra casa -
e a única bala que irão tomar
é na rave pra viajar.
esses da bala de chumbo,
bala que cheira a defunto,
voltam sempre pro barraco,
e engolem sem mastigar
essa bala
que também faz viajar
pra debaixo da terra -
e nunca mais voltar.
Bela poesia.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirAdorei o seu cantinho!!!!
Voltarei sempre!!!!
Beijos!!!
Lindos versos Jéssica. Importante este pensamentos que nos trazes!
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