"Eu não sou uma sonhadora. Só devaneio para alcançar a realidade!" C.Lispector

terça-feira, 30 de julho de 2013

Ossos aparecendo
sem passarela para desfilar;
na marginalidade
não houve aplausos ao passar
- apenas tiros,
xingamentos.
Tiraram-lhe a casa,
a comida, a escola e
atiraram-lhe uns sacos
com pó branco
pra passar de mão em mão
[brancas]
e parar ao som do rojão.
Jogaram-lhe moedas
e a dignidade no chão
que saiu tropeçando
pra catar junto com o papelão.
A sonoridade que conhece
é esse tal de "ão":
Toda porta tinha um não,
toda boca um pega ladrão!
O que mais sente
é medo do caveirão,
criança que nunca soltou pipa
nem rodou peão
vai ser apenas mais um
na mão do patrão
ou dentro do caixão.

4 comentários:

  1. Que forte, moça dos devaneios!!!!!

    Beijos!

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  2. Olá Jéssica!
    Que belo blog, suas poesias são muito maduras, fortes, gostei do seu estilo com muita preocupação social, tão deixada de lado em tempos de modismos e cordeiros acomodados!
    Grande abraço, sucesso e grato pela visita!

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  3. Gosto quando você da voz e vez a quem não está com o microfone, mas que nunca deixou de gritar.

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  4. O e-mail que você me pediu: caju.fred@gmail.com

    Beijo grande!

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"Eu vou me acumulando, me acumulando, me acumulando - até que não caibo em mim e estouro em palavras." - C. Lispector