"Diga ao primeiro que passa que sou da cachaça mais do que do amor."
Chico Buarque de Holanda
acompanho o deslocar das nuvens,
o balançar das árvores.
penso em você
- que me olha, mas não vê.
vou passando,
com a enxurrada da chuva de ontem,
que mesmo indo,
vai deixando pedaços
ao longo do caminho
que pisam. (às vezes, dançam).
você
- que não me ouve assoviar
desejando ser ave
a voar,
despencar.
vou passarinhando
de boteco em boteco,
tico-tico, reco-reco,
carregando esperas e
esperanças.
aos desesperados
que trazem lembranças,
querendo esquecer,
canto
e conto
que no mais fundo da solidão,
na última gota do litrão,
na cinza que atinge o chão;
a saliva que engasga,
a fumaça que sai,
a nota que brota,
são as companheiras
mais verdadeiras
da alma;
os olhos, o suor,
as lágrimas, os calos,
compõem musicas
embriagadas,
que saem tortamente
derrubando sonhos
ao chão
e transbordando dores
na canção
Gostei muito.
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